No atual contexto de incertezas em face do adoecimento pelo COVID-19 é comum sentirmos medo. O medo não é um vilão como muitos pensam, mas um recurso de autodefesa. Assim, em certa medida, é o medo responsável por nossa autopreservação. Ele pode nos ajudar a termos uma maior atenção quando estamos experimentando uma situação ameaçadora. No momento atual, por exemplo, o medo de não adoecer é saudável quando nos ajuda a respeitarmos as orientações das autoridades médicas, sanitárias e científicas de ficarmos em casa. É o medo que nos ajuda a termos cautela e a preservarmos nossas vidas.
Mas como nossos afetos são sempre dinâmicos, nem sempre experimentamos o medo de uma maneira saudável. Algumas situações nos fazem sentir medo em excesso por um longo período de tempo. Com isso, queremos dizer que a intensidade e a freqüência com que sentimos medo podem definir se estamos vivendo um afeto saudável ou patológico. Quando o sentimento que é de autopreservação nos paralisa por um logo período de tempo a ponto de nos tornarmos inflexíveis, estamos diante de uma possibilidade de adoecimento psíquico.
Podemos tomar algumas atitudes preventivas para não tornar o medo patológico, sobretudo em tempos de COVID 19. Algo importante a ser compreendido é que, se o medo é um recurso de autopreservação da vida, vale a pena nos perguntarmos em qual medida estamos vivendo a nossa vida da melhor forma possível. Depois, localizar nossa energia criativa, apostar no nosso potencial de reinvenção da vida. É preciso ocupar este tempo do medo produzindo vida! Criar alternativas que possam fazer pulsar a vida neste momento!
Angelita Gouveia - Psicóloga COGESTI/UAST/UFRPE
Jamille Cardoso - Psicóloga NAPS/UAST/UFRPE